28 de novembro de 2005

E repito em surdina...”Sossega coração!”...

E procuro às escuras, sem querer acender a luz...Baixo os olhos e encosto a testa ao pulso, permaneço assim, caída sobre os meus braços, como se não tivesse mais nenhum lugar para repousar.
O tic-tac violento parou abruptamente e as horas deixaram de passar, já não sei onde estou nem porque parei.
E não consigo perceber, o meu coração saltou...jaz demorado nas minhas mãos, mordisca-me os dedos e diz que precisa de continuar a bater.
Nunca o tinha ouvido antes, ainda que fosse imperativo, não entendo porque o ouço agora, tão alto como as gotas salgadas a caírem-me nos joelhos, tão desesperado por alento com os meus lábios por um sorriso.
Tenho os pulmões dormentes, as costelas ferem-me, todo o meu corpo me rejeita e o meu coração continua a mordiscar-me os dedos e a chamar por mim...
- Cala-te porra! Preciso de pensar...

Estrasburgo



Foi uma viagem inesquecível...com pessoas extraordinárias que adorei conhecer!
bj*s pa tds

25 de novembro de 2005

Enganada


O vento toca-lhe o cabelo,
Caminha contra o ar frio.
A manga chega-lhe ao cotovelo
Estremece, culpando um arrepio.

No olhar despido
Leva lágrimas, uma vontade,
A volúpia de um pedido,
A tragédia da verdade.

Do seu passo vagaroso,
Do seu lânguido avançar
Culpa o Inverno rigoroso,
Na sua angústia de pensar.

Correm os seus pensamentos
Como corre o vento apressado
Mas inocenta os sentimentos
Do seu coração apertado.

17 de novembro de 2005

Os olhos são o espelho da alma...?

You scored as Believer. You are a Believer. Whether it be religious or just your ethics and morals. You believe that heart breaks and injuries are just another part of life. Everything can be overcome if you believe in yourself and in your life.

What does your soul say about your eyes?

...um resultado complexo...

1 de novembro de 2005

Sento-me no carro, silêncio...

Abro o porta-luvas e tiro um rebuçado duma caixa esquecida, na esperança ilusória de adocicar a minha vida...
- M3rda!
Cortei a língua com o rebuçado, senti o sal do sangue no meu paladar, mas não desisto, vou insistir com o rebuçado até ter desfeito todas as superfícies cortantes da guloseima. A dor na língua obriga-me a estar desperta no meu presente. O doce e o salgado confrontam-se na minha boca como a inércia e o movimento se debatem no quotidiano.
O rebuçado persiste...quase nem sinto o sabor sanguíneo, a saliva mistura os estímulos ao paladar. Porém a dor continua, talvez atiçada pelo vigor com que agora desfaço o rebuçado, tão doce, como sinto que desfaço a minha vida, tão perdida...
Desfez-se a doçura, ficou um travo pálido ao açúcar e uma picada agreste do sangue. A boca quente conserva o sabor da luta, como o tempo conserva os que lutam.
O sangue ainda corre, o salgado vermelho venceu.
E eu continuo sentada no carro, inerte.