23 de fevereiro de 2006

Cansaço...

Encosta a cabeça ao braço, a alma pesa-lhe menos nesta posição. Os dedos estão frios mas não incomodam, os ombros doem. O frio misturado perigosamente com uma angústia inquieta que vem sabe-se lá de onde. Os lábios estão secos, pregados um no outro, a língua espessa provoca uma dor na garganta que desagrada como engolir xarope amargo. Sente o olhar cansado de quem espera sem saber, de quem dorme sem acordar, de quem descansa num vão de escada esquecido.
Há uma lágrima encostada ao coração e ela sabe que muitas outras lágrimas virão em catadupa, embatendo bruscamente contra o seu peito. Os olhos não ardem, não brilham, não reagem...Estão nublados, cinzentos, cobertos de tudo o que pode passar por cansaço. Alguém lhe pousa a mão no cabelo:

- Então, estás cansada?

Um sorriso desmaiado...

- Sim, estou exausta.

20 de fevereiro de 2006

5 habitos estranhos...

epah...é complicado...poix..ja m foi feito o desafio...mas estou reticente! ms la vms:

1- Tesouras abertas, não suporto, passo a vida a fechar tesouras em todo o lado.Superstição ou não, a verdade é que também me atrapalham talheres cruzados...=/

2-Não consigo dormir sem por baton do cieiro, não dá.

3-Durmo na maioria das vezes virada po lado direito, mesmo que esteja de barriga para baixo e tenho a mania de que o meu pescoço vira melhor para esse lado..=X

4-No verão ando sempre de relógio e consigo dormir com ele apesar do barulho, no inverno simplesmente não o uso.

5-Quando faço alguma festa a uma das minhas cadelas tenho que fazer também às outras, nem consigo pensar em mais nada se n o fizer...=S


Pah pronto...sim sou um bixo estranho, ms axo k ja tds sabiam...=D

Eu também sei voar.

Passeia as mãos pelo lençol quente, vazio agora, com a forma difusa de alguém que um dia lhe aqueceu a alma. Tenta fugir, voar para longe daquela prisão, daquele vazio que incoerentemente lhe pesa no coração, as asas recusam-se a abrir, tem medo de não ter um novo abrigo para pousar o espírito. Levanta-se atirando os lençóis brancos para o fundo da cama, enfia os pés nos chinelos, mecanicamente, e o instinto leva-lhe a mão ao cabelo e depois à boca num bocejo.
Há quantos dias é assim? O mesmo peso ao deitar e ao levantar, a mesma angustia que nasce não sabe de onde, que se planta no fundo de tudo e que se espalha como o mercúrio de um termómetro partido.
Os passos lentos, lânguidos, sem direcção levam-na até à janela. A luz irrompe arrogantemente alegre e viva, no entanto, após consentir a sua entrada no quarto, vira-lhe as costas na indiferença da anomia que sente. Senta-se na cama, a boca sabe-lhe a manhã de verão, a perfume do calor do sol e as mãos ainda estão dormentes, o sangue ainda não circula normalmente no seu corpo todo. Junta os joelhos ao queixo e abraça as próprias pernas, nesta posição sente-se protegida, escondida num canto escuro do mundo, onde ninguém a pode perturbar. O silêncio. Sabe-lhe bem escutar o silêncio ecoar na alma, quase como ver os raios de sol numa manhã de chuva.
O quarto cheira a maçã, incenso que queimou ao mesmo ritmo que os seus olhos se queimaram com lágrimas, há um pássaro que canta pretensioso e impertinente lá fora. E ela pensa que há muitos pássaros assim, que cantam na nossa janela e no nosso ouvido e depois voam, logo quando começamos a gostar do seu canto, eles fogem. Levanta o queixo dos joelhos, estica as pernas e deixa-se cair no colchão, diz alto: Eu também sei voar.

14 de fevereiro de 2006


Há palavras que não sinto, palavras que passam por mim sem me tocar...Há frases que não incomodam, não fazem barulho nem ficam a saltitar na mente.
Mas também há palavras que magoam, fazem estragos que nem sempre gostamos de admitir.Também há frases que nos instigam a alma sem respeito e nos pisam o coração sem remorsos.
Há ainda as palavras doces, que sabem a chuva e a rosas, que aquecem as mãos e a face, que fazem os olhos brilhar e os lábios sorrir. Frases que se balançam entre um sorriso e outro, que se penduram na alma e cantam.
As palavras...uma arma.Não sou a primeira a dizê-lo e com certeza não serei a última. Uma arma, que pode ferir ou curar.
O poder está nas palavras...sempre esteve.