31 de outubro de 2006


Ele entrou no mesmo metro que ela e ela saiu na mesma estação que ele. Ele virou à esquerda e ela virou também. Ele saiu, voltou a virar à esquerda e ela foi atrás porque também era por ali o seu caminho, depois ela virou à direita e subiu a rua e ele caminhava ao seu lado.

«Ela também vem por aqui?»
«Ele vai virar ali não vai?»

E ambos seguiam lado a lado sem mais ninguém na rua.

«Este silêncio...ela até é gira.»
«Ele podia dizer-me "olá", tropeçar, pedir uma informação estúpida..sei lá.. e ainda não lhe consegui ver bem a cara, mas parece-me bem.»

Passaram por um rapaz que segurava um cão pela trela à porta de casa e dizia ao telémovel que estava sentado a ver televisão.

«E agora será que ela mora aqui?»

Ela suspirou.

«Coitada parece tera mochila pesada, se calhar devia perguntar se quer ajuda»
«Ele podia perfeitamente perguntar-me as horas!»
«Ela não tem relógio no pulso...seria estúpido perguntar-lhe as horas!»

Viram em uníssono na mesma esquina e ambos se precipitam para a passadeira.

«E agora para onde é que ela vai..?»
«Acho que ele vai continuar...paciência, pode ser que nos voltemos a encontrar p' ra semana!»

Ela vira à direita resignada e ele tem vontade de ir atrás dela mas não o faz.

«Ela nem olhou para trás...»

14 de outubro de 2006


Gostavas de fazer tudo ao mesmo tempo, era por isso que te sentias tantas vezes confusa. Querias tudo, todos, não gostavas de opções. Sentias-te capaz de abraçar o mundo, mas quando te davas conta do modesto tamanho do teu abraço, fugias da vida como quem foge da chuva. Mas a vontade que tinhas não serenava e voltavas a cometer os mesmos erros.


Acho que nunca te apercebeste da quantidade de gente que deixavas caída no passeio do teu caminho.


Tinhas tanto para dar e tão pouco para receber. Um dia, um fim de tarde estival, vieste chorar no meu colo, penduraste-te de tal maneira ao meu pescoço que eu achei que ficarias ali para sempre…mas não ficaste, havia tanto à tua espera e tão pouco tempo! Limpaste as lágrimas, olhaste-me nos olhos e disseste: obrigado e desculpa.


E fugiste.


E de cada vez que eu te servia de porto de abrigo tinha a esperança de que um dia não largasses o meu pescoço. Mas nunca ficaste…

7 de outubro de 2006

*"Eat dessert first, Life is uncertain"*

I am unwritten, can't read my mind, I'm undefined
I'm just beginning, the pen's in my hand, ending
unplanned
.
Staring at the blank page before you
Open up the dirty window
Let the sun illuminate the words that you could not find
.
Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your innovations
Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it inNo one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is where your book begins
The rest is still unwritten
.
"Unwritten" - Natacha Bedingfield
.
A todos muito OBRIGADO pelos bons momentos!