28 de março de 2008

Sol e Lua

Agora que o sol nasce pede à lua para esquecer o que viu. Conta-lhe que um coração que abraça os sorrisos efémeros sofre mais no fim, explica-lhe que os dedos entrelaçados não duram para sempre e que há muitas razões para esquecer.
Chama a lua e diz-lhe tudo o que nunca conseguiste falar comigo. Despeja as mágoas, as incertezas...mostra-lhe as tuas dores, as fraquezas. Espera um sorriso e um banho de calma, sonhos de fúria que no final te serenam a alma.
Pede ao sol uns minutos de descanso, empurra o dia para longe de ti e limpa as feridas que tens por dentro com o sal que chorares.
Não deixes que o peso dos dias se abata sobre ti...conserva a calmaria do anoitecer e a lucidez do amanhecer. Porque enquanto a lua te puder perdoar o sol nunca te julgará.

12 de março de 2008

Não me apertes os pulsos

O teu silêncio aperta-me os pulsos. Não sei ser, sozinha, aquilo que me ensinaste a ser contigo. E esta espera põe-me o coração em desassossego. Sem querer, espero por uma palavra tua, algo que me diga que não esqueceste os meus lábios. Não sei como te expulsar do pensamento…não quero esquecer-te, mas não quero lembrar-me de ti. Quero saber arrumar-te, esconder-te no fundo de uma caixa de cartão poeirenta. Encostar-te a um canto escuro e esperar que um dia eu tropece na caixa cheia de coisas indefiníveis e veja o teu sorriso. Talvez nesse dia possa ser eu a dizer-te que não esqueci o teu toque. Por agora vou empurrar-te para o lugar mais recôndito da minha mente. Onde seja difícil encontrar-te nos minutos vazios do dia-a-dia. Porque não gosto que me apertem os pulsos.