21 de agosto de 2008

A manhã acordou cinza. Escura e fria, com a expressão de quem acorda aborrecido e tem dificuldade em abrir os olhos. O sol estava preguiçoso, reticente em assumir a posição dominante a que nos habituou.
E mesmo assim o dia prosseguiu, altivo, sem esperar por ninguém, com a solidez de quem repete os mesmos passos mais vezes do que queria. As horas foram arrastadas, contrariadas num saltitar sereno e audaz. E numa orquestração coordenada, a semana foi desenrolando as suas notas sem parar.
Os sorrisos habituais, as palavras necessárias ao silêncio, todos os elementos foram assumindo o seu lugar sem perguntar porquê. E no fim de cada dança, com os acordes mais calmos, o sol pousa a cabeça no mar e o corpo no horizonte e adormece. Sem saber que a lua chega para lhe velar o sono.