11 de novembro de 2010

escrito

O mundo já foi escrito. Tudo já foi dito sob a forma de palavras, de metáforas e de parágrafos desenhados a sangue quente. E de que nos serve escrever os dias sem os sentir? Que sórdido consolo temos nas palavras que escolhemos com o cuidado cirúrgico de quem não sabe o que dizer?
O nosso mundo e o outro já foram vertidos em caixinhas literárias para que, sem nunca existirem, nunca deixarem de existir. Mas o mundo pede-nos para ser escrito todos os dias, para ser vivido, partilhado. E nós escrevemos tudo o que somos, em cada passo que damos... na pressa de deixar marcados os caminhos que trilhamos.

2 comentários:

Sotnas disse...

Olá Tatiana, desejo que tudo esteja bem contigo!
Concordo que o mundo já foi escrito, mas, creio que vai concordar que muitos dos fatos descritos, estão fora do que realmente se passou. E somente por ter sido escrito do ponto de vista de quem o escreveu, sendo assim creio que este mesmo mundo escrito por todos que por ele passaram não seria uma versão mais, digamos fiel a realidade dos acontecimentos. E sendo assim devo dizer que não escrevemos somente na pressa de deixar pegadas, e sim deixar pegadas que não sejam apagadas pelo sereno da noite!
Gosto deveras de visitar seu cantinho Tatiana, escreve belos e interessante textos. Tudo de bom pra você e todos ao redor sempre, grande abraço e até mais!

rcrosado disse...

Milan Kundera fala (escreve) sobre a verborreia dos tempos modernos, onde todos querem ser escritores. Desde então tento não escrever, mas é verdade que é difícil :)
Na minha opinião o mundo escrito e descrito não tem nada de fiel, mas tudo de real, no sentido em que nos fechamos em todas essas caixinhas literárias... Ao escrevermos um mundo criamos o outro, muitos outros até, num acto que tem tanto de belo como de desesperado, porque é, na grande maioria das vezes, mais uma tentativa de prolongarmos a nossa existência neste mundo, e em outros :)