Ela sonha. Leva asas nos pés, palavras nos dedos. E aquele sorriso despreocupado de quem ainda se fascina com os pequenos milagres.
Há dias em que o mundo não percebe como é que os sorrisos se sustentam na sua expressão. As pessoas olham para ela e não compreendem como é que os lábios rasgam a tristeza para receber o que há de bom na bainha dos dias. E ela acredita. Tem a certeza de que no cruzamento do sol no horizonte sobram estrelas com sabor a girassóis. Sabe que o algodão doce são pedaços de nuvens, mesmo que perceba que no fundo são feitos de açúcar. Fecha os olhos ao cinzento da chuva, mas abre as mãos para receber o fresco da água que cai. Esconde o que de feio têm os seus pensamentos e escolhe as cores com que pintar a sua felicidade.
Mas às vezes nem as mais brilhantes cores chegam para tapar as tábuas partidas da sua casa. E a noite cai. As estrelas dizem "boa noite" e ela fica só. Adormece embalada ao ritmo do seu coração, anoitecida pelo silêncio.
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