29 de julho de 2013

Lisboa Apetecida


Hoje apeteces-me, Lisboa.

Apetecem-me as tuas ruas e vielas, as janelas abertas a dar luz aos olhares esquecidos dos avós. A serenidade dos braços pousados nos parapeitos, a respiração calma de quem olha os dias e vê a vida que já passou.


Tenho vontade de esquecer as obrigações e saltar do autocarro para a calçada. Tenho vontade de percorrer os passeios que te desenham a cintura, as esquinas do teu sorriso. Quero beber da tua luz, amarela, quente, poética. Ver o dia passar... a passear por ti.  

Levar o olhar a cada cor, cada pormenor que escondes aos desatentos - aqueles que usam a rotina como um vestido de gala. Quero despir esse vestido, calçar uns ténis e percorrer as tuas ruas, Lisboa. Ver-te, saborear-te. Porque hoje apeteces-me. 

Houve um tempo em que não me apetecias, meses em que me atacavas. Dias em que gritavas os teus sons e me ferias com as tuas cores. As noites eram enlameadas e ruidosas. Estavas fechada para mim e nem eu te queria, não gostava de ti. Passaram-se anos e, sem dar por isso, conquistaste-me. A pouco e pouco foste descobrindo a beleza que escondias e eu fui amolecendo. Adoptei-te de novo - porque sempre foste a minha cidade berço - e adoptei-me em ti.

E hoje, como acontece em todos os Verões, tenho vontade de me sentar nos miradouros e escrever. Soltar as palavras em ti, para ti. Respirar fundo, o teu cheiro, o ar quente. Inspirar o último raio de sol, como quem se alimenta pela manhã. E abraçar a noite como uma despedida... agridoce, mas serena.

Apeteces-me, Lisboa. Espera por mim, um dia hei-de ter tempo.


9 de julho de 2013

Se sabes

Se sabes o que não queres, sabes o caminho que levas. Se sabes quais são os caminhos, a escolha é tua. Não é fácil, mas é tua. Se sabes o que te faz sorrir, procura esse olhar. Procura sem esperança de encontrar, tira o peso dos ombros e procura enquanto vais vivendo. Mas vive. Se sabes alguma coisa, vive. Se sabes o que te aquece o coração, faz a fogueira e deixa arder. Faz acontecer. Se sabes, vai à luta.


E quando não souberes, inventa. Inventa um mar de água morna, uma cama de rede que te guarde os sonhos. Estica os dedos e molda uma realidade pintada com as cores que tu escolheste. 

Se sabes, faz. Se não sabes, inventa. O mundo é teu e, às vezes, não faz mal não saber.

3 de julho de 2013

Palavras, outra vez.

Sempre. 

São elas que me levam, que me agarram, que me descansam e que me acordam.


É nelas que pego, como rochas, é sobre elas que penso antes de as atirar. São elas que se desfazem na minha mão antes de eu perceber que não as posso usar como quero. São elas que sabem onde cair. Mesmo quando não as quero dizer.

É a forma como se moldam na minha mente que me surpreende no papel.