4 de junho de 2005

Há gestos que se perdem no fundo da alma, tornam-se tão nossos que quase magoam. Gestos quotidianos que nem sempre chegam para nos mantermos à superfície...E é nessas altura que olhamos para cima, sentimos a necessidade de entender e de procurar um rumo. Procuramos estar mais perto do céu, talvez por pensarmos que é um bálsamo para o nosso estado, talvez apenas por ser uma ideia reconfortante.
E onde é o céu? Perto do céu...Faz lembrar uma nuvenzinha branca e fofa onde não existem problemas e o sol e a lua estão juntos em harmonia. Na verdade, há dias em que precisamos de nos sentar nesta nuvem e pensar sobre tudo, ou sobre nada, esquecermo-nos de quem somos, de quem fomos e de quem um dia seremos. Tentando de alguma forma achar um porto de abrigo, um lugar perto do céu, onde possamos encontrar um cantinho confortável para depositar o vazio que sentimos. E, embebidos nesse vazio que ecoa dentro de nós, deixamo-nos ir e procuramos quase inconscientemente esse lugar perto do céu, onde podemos descansar de nós e da vida.
Nesses dias em que nos sentimos totalmente perdidos...Em que tudo à nossa volta parece desaparecer ao mínimo toque, nesses dias temos uma visão do mundo totalmente diferente, tudo nos parece muito mais real...muito mais cruel, o mundo mostra-se como realmente é...

Tatiana Albino