Há dias que não pedem licença. Vão entrando lentamente no nosso futuro e encaixam-se na bainha das semanas, onde ninguém se lembra de procurar. Há dias que, de tão pouco dias que são, são quase uma afronta ao ritmado e infalível calendário.
Há dias em que as palavras se esquecem de ser palavras e os olhares deixam de ter significado. Nesses dias, os gestos não bastam, os planos não servem como alicerces para construir o amanhã e as meias-palavras são só uma desculpa para fugir de tudo o que nos assusta. São desabafos por terminar, ataques mal desenhados que se reescrevem em repetição contínua e que nunca conseguem chegar ao fim. E hoje não me bastam meias-palavras.