4 de abril de 2011

Nada mudou

Nada mudou. Mas, de alguma forma, nada é o mesmo. Como é que sabemos que algo se partiu? Quando é que percebemos que a ligação se perdeu? Qual é o ponto em que temos a amarga certeza que desligámos aquilo que nos dava energia? Sentir que nada mudou, mas que algo mudou.
Sentimo-nos escorregar no escuro até um refúgio que não existe. O conforto é a pele dormente, o descanso é a mente vazia. Como é que nos apercebemos de que deixámos de usar o instinto e passámos a usar a razão? A razão aconchegante que nos deixa tão áridos e secos.Ouvimos tantas vezes as mesmas frases… se nada mudou porque não é o mesmo? Descemos ao fundo, procuramos incessantes até ter o coração agitado e as mãos doridas. E depois percebemos. Sentimos a gota gélida da compreensão na nuca. Sentimos as mãos mais vazias do que nunca. Se nada mudou, a mudança aconteceu em nós.