21 de agosto de 2013

Até...

A ponta do coração encosta-se ao estômago e a tarefa de desfazer este nó cabe à coluna que se esforça por te manter direita. O sabor que as coisas têm é vazio, esquecido que ficou o doce de uma cereja no travo amargo de um lima.

O tempo, alinhavado a dias e bordado a horas, atravanca os momentos doces numa gaveta escura e, quando dás por ti, tens uma vela na mão e vasculhas os armários à procura desse lugar onde foste feliz.

Quantas vezes, consciente dessa incessante busca, decides apagar a vela e ficar no escuro, perdida entre o que foi e o que será. Irremediavelmente hesitante. Com todas as dúvidas do mundo a pulsarem-te nos dedos, todos os olhares a fecharem-te as pálpebras em lágrimas. 

Guardas o que te sobra e arrumas o que podes. Até à próxima vez que as certezas te caírem ao chão.

E a força de não te ter é maior do que a de te querer.