A manhã nem sempre sabe como começar. Porque há dias em que o sol se esconde por entre nuvens e árvores para não perceber a tristeza do mundo.E as horas levam-nos por entre as palavras que dizemos e aquelas que nos obrigam a ouvir. O tempo passa sem querer, sem saber onde parar. Os dias transformam-se numa sala de espera quente e iluminada, começam do avesso do fim porque não sabem como começar. E neste lugar, aconchegado por entre os minutos da correria quotidiana, podemos esticar as pernas e encostar a cabeça…e esperar. Simplesmente esperar. Os meses correm, esquecidos nos dias iguais, como as águas límpidas das cascatas. E aquela espera serena prende-nos a qualquer momento que não devia ter acabado. Esperamos sempre…por alguém, por alguma coisa…e nessa espera somos capazes de perceber que na verdade esperamos por nós, desde que nos perdemos nas memórias até que alguma coisa nos traga de volta aos minutos que apertamos nos dedos. E nas manhãs em que o dia adia tímido o seu início afastamos o sono do corpo na esperança de haver sorrisos à nossa espera. Esperamos sempre…nem que seja para ver o dia nascer.
