Inacabado sim, quando a tua mão se desvia subtilmente da minha e os teus olhos já não sabem quem sou.
Incompleto porque me falta o calor da tua pele.
Sou assim desde que fugiste do meu olhar,
um sonho desfeito que alguém esqueceu enquanto acordava. Culpo-te. Foste tu que me tornaste nisto, este misto de pedaços de alma que caem a teus pés. Esta miscelânea de vidros estilhaçados na estrada que fizemos de mãos unidas.
Depois de ter sido o fogo do tempo nas horas em que te amei
obrigaste-me a ser o gelo solitário que agora te chora. Não sei se te ocupa a mente este meu lamento silencioso, mas sei que te pertuba a solidão em que te envolveste,
nunca gostaste de estar sozinha. E agora que soubeste como vencer o medo e me abandonaste não sei como te pensar, deixei de aprender a viver.
Foste tu. Ensinaste-me a ser arco-íris nas nuvens e agora, sem o teu sorriso,
vejo-me numa fotografia corroída pela memória a quem roubaste a cor. Sou assim, o guarda-chuva partido que se esforça por te proteger do frio no meio de uma tempestade.
Inacabado, porque me faltas tu,
porque a culpa que despejo em ti não me limpa a dor.