A rotina desgasta. Vai roendo pequenos pedaços de nós. Mas também nos mantém em movimento. Empurra-nos como se o tempo fosse uma formalidade. Esconde-nos do mundo e deixa-nos numa sala de espera em constante circulação. É lá que permanecemos em serenas expectativas. Saltamos de cadeira em cadeira à espera de mais um dia sem saber de onde nos vai chegar e que música irá trazer. E sem querer, crescemos. O mundo perde as suas formas coloridas que nos punham sorrisos no rosto. As ruas já não estão desenhadas a lápis-de-cera e as bicicletas já não trazem fitinhas de arco-íris no guiador. Chove e a chuva já não é azul, roxa e vermelha, feita de pequenas poças onde molhar as galochas... e já nem o guarda-chuva é às bolinhas.