Há sombras que se misturam, imagens que se revoltam e desaparecem, palavras que desvanecem com violência da mente. Há uma porta trancada com a fechadura roída pela ferrugem. Há uma janela que bate incessantemente e faz saltar a tinta branca da madeira, duas lágrimas contidas a encher os olhos, dois lábios cerrados, encostados a uma alma inquieta devastada pelo vento.
E depois há dedos nervosos a balançar agilmente a caneta, unhas frágeis entre os dentes irrequietos, uma respiração entrecortada que não deixa sossegado o coração. Há palavras arremessadas contra os momentos que magoam, palavras que escorregam suavemente na pele e deixam marca. Há olhares aflitos, há fotografias manchadas de sal, espaços vazios do sol, feridas abertas que sangram, cicatrizes escondidas...Punhais pousados nas mesas, espadas encostadas ao sofá.
Há um cheiro de luta no ar, mas as cores que vejo vêm das tuas lágrimas...