3 de fevereiro de 2007

Fim do dia

As sombras dançam à minha frente, brincam atrevidas com a pouca luz no quarto. E o pensamento voa, navega sem asas num espaço interminável a que tu já deixaste de pertencer. As palavras misturam-se e entrelaçam-se à procura dum significado que não existe. A música embala a respiração profunda duma alma sem retorno.
O fim do dia pesa como uma manhã de segunda-feira, a vida passa num queixume ligeiro como um choro de uma criança mimada. Os gestos não acompanham a mente, o corpo estende-se numa levitação morna, inconsciente.
E há aquela sensação estranha na ponta dos dedos...aquela que faz tremer os lábios e pulsar o sangue nas veias numa inquietação tranquila, um sentimento que não se explica, que nem sequer tem nome. Porque há tantos dias assim, em que precisamos de nos sentir deitados numa nuvem para podermos descansar.Dias em que até o movimento dos pulmões nos dói de tão esquartejado termos o coração.

14 comentários:

J. disse...

gosteiiiii!mto! há dias assim... ontem foi assim, hj já não...

"E há aquela sensação estranha na ponta dos dedos...aquela que faz tremer os lábios e pulsar o sangue nas veias numa inquietação tranquila"

=D ai ai

B. disse...

«dilacerado»



:) Também era uma boa palavra.

Gosto.


:)

Gosto das meninas e meninas que habitam o teu sotão e se reflectem às vezes no teu olhar.
Gosto de quando eles falam por ti e não te reconheço, por não seres tu, mas eles.

Acima de tudo.Gosto.
*

Procyon disse...

Esses dias... esses dias...

Luzia disse...

Linda a forma como escreves:)
Adorei:)

Filipe de Arede Nunes disse...

Ao fim de tanto tempo sem por aqui passar, revejo o doce crepitar das palavras que ainda escreves brilhantemente. É bom ler estas palavras, peço desculpa por não aqui ter passado nos últimos meses. Continua, é preciso alguém que nos faça e permita sonhar... Beijinhos.

Alexx M. disse...

Há dias em que nada parece real, a não ser a dor do coração "esquartejado", dias em que o descanso nas nuvens, ou mesmo na terra molhada pela chuva seria um doce aconchego... dias em que precisamos do silêncio para aquietar a alma e remendar um coração "dilacerado"... dias em que nada nem ninguém nos pode ajudar a não sermos nós próprios... Há dias assim. Felizmente, não são todos os dias!

SoNosCredita disse...

"E o pensamento voa, navega sem asas num espaço interminável a que tu já deixaste de pertencer."

ou ainda pertence?!

:)

MiLady disse...

tenho sentido demais estes dias ultimamente =/

gostei **

GK disse...

Nesses dias eu respiro fundo e espero até ao dia seguinte. É que se nos compadecermos desse sentimento damos-lhe força...
Mas, sim, há dias assim e que nem as melhores das intenções, nem as técnicas new age mais apuradas nos safam...

Bj.

Yamada Hanatarou disse...

Tens uma forma de escrever muito própria, a maneira como captas a realidade e a fixas através de palavras é fantástica, os meus parabéns...

Sayonara!

(Arigato, pelo elogio ao post, mas nem era assim tão grande)

Anónimo disse...

gosteiiii do que li ... assim como gostava de ter, sempre que preciso, essa nuvem fofinha para me aconchegar e me deixar descansar nos dias em que a tempestade n vem de cima, mas sim habita cá em baixo!!!! há diass assim ...

Parabéns!!!

Anónimo disse...

A realidade pega-nos ao colo...
Faz de nos o que quer...
Pode-nos desprezar...
Pode-nos amar...
Mas a atitude que tomamos perante o que ela nos reserva é sempre nossa !
Os dias n são todos iguais, pq nos nao estamos todos os dias iguais!

Adorei o texto ... O sentimento confunde-se nas palavras que querem ser superiores a ele !

http://nina-fofinha28.spaces.live.com/

Unknown disse...

Já aprendi a sempre ter o fim do dia ocupado. Qualquer que seja a actividade por que optes, é a forma ideal para cortares as asas a esses pensamentos inquietantes, para silenciares os queixumes e dares vida a partes de ti cuja existência ainda desconheces.

Só não te ponhas a ver os Morangos... A sério, escolhe outra coisa lol

Catarina disse...

Escreves soberbamente. Adorei!

:)

beijinho *