
No Cais da Ternura a brisa é constante, há quem se sente e não se importe com o frio a morder-lhe os pés.
Os sorrisos surgem, brilham e acabam por esmorecer. Os barcos da saudade vão e vêm, nunca ficam muito tempo porque não querem agarrar-se aos ossos de quem permanece esquecido pela emoção.
E neste cais há tempo para carícias em cabelos caídos nos ombros fustigados pelo sol, há tempo para toques seguros nas costas, entrelaçar de dedos e acenos de adeus. Há espaço para abraços, lágrimas nos limites da alma e olhares trocados em silêncio. A tristeza apodera-se de quem vê partir e de quem parte, a ternura vai, vem, fica. É constante como o bater ritmado de um coração saudável.
É um ciclo vivaz de cores, sabores, sons e angústias. Sentimentos que nascem sem que sejam cultivados, como ervas daninhas que nos corroem o pensamento.
A ternura que todos temos debaixo da pele, feita para envolver aqueles que mais perto chegam do nosso coração, alimenta-se do nosso calor e às vezes faz-nos chorar...