19 de janeiro de 2008

Ele continua

A chuva cálida que insiste em cair, a noite glacial que porfia em entristecer as ruas. E as estrelas escondem-se diminutas atrás de nuvens escuras. Ele segue em passos firmes sem direcção, alheio, absorto, perdido.
As horas já não lhe pertencem, tudo o que colheu do sol desfez-se em risos cansados e os ombros descaíram com o peso do tempo. Há dias que lhe parecem mais fáceis, passam devagarinho, silenciosos, e terminam a chorar em surdina numa qualquer calçada. Hoje tudo passou assim, uma leve brisa fria que revolveu as folhas secas no chão. Um sopro fraco de calor que lhe amotinou os pensamentos na mente. E, sem querer parar, caminha disperso em tudo o que o trouxe até ali, àquele momento em que a mente de tão vazia lhe dói e o coração quase pára de bater.
A idade diz-lhe que os seus passos já não são seguros, cada toque do sapato na calçada brilhante de água é um risco. Mas a idade também lhe provou que é dos riscos que nasce a maior gratificação e por isso continua. Não duvida do seu caminho embora não saiba para onde vai, não hesita nos movimentos, não tem medo de avançar. Quer um mundo novo, não quer voltar ao sofá encardido que deixou abandonado numa sala mal iluminada. Uma sala que se tornou o cárcere das tardes de solidão. E ele continua, porque não sabe que os seus passos o vão levar a casa.

10 comentários:

Anónimo disse...

e nós também continuamos =) *

Anónimo disse...

Lindo...!
Só uma pessoa tão especial como tu consegue ver os sentimentos tão profundos das pessoas que te rodeiam.

J. disse...

soube bem ler.t agora, neste momento q já passou... vou ag seguir os passos pa fazer a recensão d mutação, dp estudar economia, rp e tci, para q qq dia possa andar por aí pelas calçadas, despreocupada, a pensar na vida q quero, acompanhada por vcs... bah custa xegar lá mas lá está os riscos (tsoukaaaaaaaaaaas!)*

o comentário mais parvo dos últimos tempos (e,e...) mas dp d 1 dia destes n dá pa mais*

Brunito disse...

O que eu tenho a dizer, é que os passos dados em calçadas com gelo à superfície são os mais perigosos de todos.

Ruben Portinha disse...

Num céu de meia-lua, de mãos nos bolsos, caminhas pela rua com vento no rosto.
Enquanto fitas o chão, perdido entre passos, chutas uma pedra compensando a solidão.
É quando a escuridão invade a cidade que sais por aí na conquista da verdade. :)

Beijinhos!********

Anónimo disse...

mt, mt bom. sem correções residuais. lol tb gostava de ter a sabedoria dos velhos, para saber que os meus passos me vão sempre levar a casa.

B. disse...

É impressionante a forma como dás rostos por palavras , crias almas que saem do papel e acabam por se cruzar connosco na rua.
Tens um dom , eu sei. Não só escreves bem bonito maduro como dás vida ao que escreves.
Ao lermos, ouvimos os passos pesados mas fragéis do velho sábio que passa ao nosso lado. Receamos por ele, mas receamo-lo também, como se nos víssemos num espelho do futuro, a medo.

Ao lermos, vemos-te a ti, eterna criança em corpo de velha sábia escritora, sentada à lareira, fiel ao campo que a abraçou um dia, fiel às palavras e à beleza que delas pode brotar.

Ao ler, vejo uma amiga que poderia escrever-me a vida, que por mais corriqueira que tivesse sido, pareceria bela aos olhos de quem a lesse.

Um dia quero que escrevas o meu conto de fadas.

*

Tu presente. Tu sempre presente :)

João G. disse...

espero k nc perca o meu caminho. A velhice leva nos por vezes ao caminho sem rumo, o final da idade da-nos as xs o sabor amargo da estrada k percorremos...

João Cordeiro disse...

já tinha saudades de tu!!!!!!




Beijinho sonhador

João Cordeiro disse...

já tinha saudades de tu!!!!!!




Beijinho sonhador