22 de abril de 2010

Girassol

O calor avultava o cheiro a bolachas de canela. No ar quente, o aroma característico de uma noite de verão. E as bolachas acabadas de fazer, ainda a fumegar, em cima da mesa do jardim.


Para ela tudo tem um cheiro característico, mesmo o girassol confuso do jardim, que nunca persegue a luz do sol. Acha que é por causa do orvalho que a manhã cheira a fresco e a comida acabada de fazer. Para ela é tudo tão óbvio. E quando lhe vejo um sorriso acidental apertado entre os lábios, sei que naquele momento ela está feliz. 


Lembro-me de ter tirado uma fotografia ao girassol do tamanho de um prato, que cresceu à toa de uma semente que o papagaio deixou cair. Ela sempre gostou daquela flor. Era confusa, como ela. Era gigante e estava sozinha num ambiente que nunca se preparou para a receber. Era uma lutadora e tornava o verão mais alegre. Era amarela, tinha um sorriso em cada pétala e resistia. Era isso que a tornava especial.

2 comentários:

BC disse...

deu-me fome... :)

Neuza Rodrigues disse...

Identifiquei-me com esse Girassol!