22 de março de 2011

Escudo


Escureces. Encostada a um canto do dia para que ninguém te veja. Esperas alguém? Escutas. Escondes-te. Escrava do que te dizem que és. Esqueces o que te levou até ti. Escreves na tua mente o que não te atreves a dizer. Escavas o poder que as palavras te dão e que não queres usar. Esculpes as letras até não restar nada. Nem sentido. Nem ordem. Nem dor.

7 de março de 2011

estragada.

- Acho que estou estragada.
- Não és uma boneca que cai na água e fica estragada. Não é assim que funciona.
- Mas sinto que se partiu algo aqui dentro.
- Não sejas parva, estás só cansada.
- Dói-me a cabeça, mas não é uma dor que passe com um comprimido.
- Toma um na mesma.
- Estou estragada.
- Pára de dizer isso, não estás nada estragada. Onde é que foste buscar isso?
- Não sei, sinto-me estragada.
- Toma. Isto vai fazer-te sentir melhor.
- Não quero. Não me sabe bem, não me serve para nada.
- Ajuda. Confia em mim. E agora dorme. Amanhã vai ser um dia melhor.