29 de abril de 2008

Mão na mão

É por existirem sonhos que sorrimos. É por termos vontade de sorrir que continuamos. E quando o mundo se estilhaça aos nossos pés é por termos quem acredite em nós que não desistimos.
Todos temos horas de felicidade, alegria, satisfação e euforia. Mas há fins de dia que trazem o cansaço, a descrença e a desilusão. É nestes altos e baixos que construímos aquilo que somos, é nos caminhos sinuosos que aprendemos a andar.
Nos primeiros passos temos ajuda, apertamos uma mão segura que caminha ao nosso lado, quando temos confiança na estrada soltamos os dedos e saboreamos o vento...mas quando o sol se põe sentimos falta de uma mão quente que encaixe na nossa e nos acalma as dúvidas.

18 de abril de 2008

Ontem sonhaste com ele e não comigo.

Foi na mão dele que repousaste os teus sonhos e frustrações. Foi nos braços dele que adormeceste serena, sem esperar o amanhecer. Sonhaste com abraços e discussões, uma vida inventada pelo teu inconsciente inseguro. Mas foi nos olhos dele que te perdeste mais uma vez...não nos meus.
Ontem esperei por ti naquele lugar onde se espera pelos sonhos, adiei o sono na pressa de te encontrar. Tu não vieste. E o meu sonhar vagueou solitário na escuridão do teu silêncio. Não soube encontrar a tua mão, o teu sorriso...Fugiste-me.
Roubaste o meu tempo e correste para longe, escapaste da minha visão. E ontem não sonhaste comigo. Eu deixei a minha mente esquecida em ti, perdida pela noite. Fiquei sozinho - à tua espera. Mas ontem...ontem não foste minha. Sonhaste com ele, não comigo.

7 de abril de 2008

Uma gota e depois outra. As lágrimas que esconde por baixo da pele começam a doer. Está sentada à beira mar, olha para o horizonte e tudo se mistura. A chuva já não lhe sabe lavar a alma, a serena carícia da água fria já não chega para a acalmar. Há algo que falta, uma peça que já não sabe como se encaixar.
Cruza os braços por cima dos joelhos e fecha os olhos, sente o frio a corroer-lhe os ossos mas não é capaz de se levantar. Por entre os passos de alguém que a acompanhou perdeu o ritmo do seu andar, e agora já nem sabe por onde começar. Num suspiro obriga o corpo a erguer-se, sustém o peso nos pés com a leveza de quem nunca parou para pensar.
A chuva cai intensa nos seus ombros e ao caminhar sente o seu coração desconcertado. Espalhado pelo chão em peças pequenas que têm que reaprender a estar juntas, como um puzzle. Desfeito, esquecido nalgum tapete que ninguém pisa.
A visão turva-se e ela já não sabe se é a chuva ou se são fracções do seu próprio sal. Mas ao andar a alma não lhe pesa nos tornozelos, as mãos balançam como se não carregassem a vida de mais alguém. Ali, debaixo da chuva, as gotas são refúgio, o mar é porto de abrigo.