E os dias foram passando, a languidez das horas a pesar-lhe nos seus dedos e a urgência de escrever a marcar o ritmo. Apesar dela, o mundo continuava, o tempo corria atrás de tudo o que nunca voltaria. E ela, sentada num qualquer vão de escada, esquecia as curvas apertadas do caminho e escrevia. Não sabia bem porquê, nem sobre quê, mas... escrevia. Até que um dia levantou a caneta do papel e já não sabia quem era.
6 de abril de 2010
Escrevia
Pegou na caneta e desenhou as letras no papel. Com receio, misturou a tinta escura com a cor seca do caderno. Sem querer, despejou as palavras que ainda não sabia estarem escondidas atrás da pele... naquele lugar onde se guardam os medos. Desenhou cada letra com cuidado, com a delicadeza de quem sabe por onde começar. Mas tinha a certeza de que não sabia. As letras juntavam-se intuitivamente, como se cada uma delas só fizesse sentido rodeada de outras formas e sons. Tentava, a cada frase, desfazer-se da culpa difusa que lhe pendia nos nós dos dedos. Não sabia de onde vinha, não conhecia a sua origem, nem sabia definir a sua génese. Sentia-a, gelada, a consumir-lhe a pele e a guiar-lhe as mãos pelos recantos do dia.
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5 comentários:
Gostei muito :)
gosto...
Já estava com saudades!!
Gostei muito!!
Não pares mais de escrever!
Bjinhos
Já há muito tempo que não passava por aqui. Agora apeteceu-me fazê-lo e foi muito bom. Adorei o novo figurino mas o bom são os textos. Venham mais, quero ler e sentir essa veia literária a fluir. Continua!
Obrigado!**
Vão passando...
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