21 de outubro de 2009

Estou em obras

à procura de um novo template... e de novas ondas (leia-se tempo) de inspiração!

19 de agosto de 2009

caminhar

As frases, que tantas vezes reescrevi em surdina na minha mente, soltas nas tuas mãos: distraidamente penduradas nos teus dedos frios.
Fecho os olhos e obrigo-me a sentir os pés firmes no chão, aperto os lábios na certeza de amordaçar as palavras e respiro fundo. Dás-me a mão e acompanho o teu movimento, com a leve esperança de sentir o mundo dentro de mim. Balanças o corpo num andar despreocupado e sorris entre suspiros, pergunto-me se isso significará que estás feliz. Procuro o teu olhar, mas há tanto ainda para ver, tanto que os meus olhos querem absorver...
Tu, de olhos fixos no horizonte, espalhas os teus sonhos pelo caminho que ainda percorro contigo, e olhas para longe. Tão longe, que não me vês mergulhar de mansinho na paisagem e desaparecer entre o sol e a noite. Eu, guardo um sorriso para ti e vou.

8 de julho de 2009

Sentado no muro de pedra, esforçava-se por equilibrar confortavelmente nas suas pernas a cabeça de alguém que o fazia feliz. Ela sorriu e ali, entre o fim de um dia e o início de outro, perguntou-lhe despreocupadamente:

- Alguma vez viste o Sol nascer?

- Não, mas o que tem de especial?

- Como assim? É mágico!

- Oh, por favor! É esperar, cheio de sono, que alguma coisa aconteça para depois perceber que já aconteceu!

- Ver o Sol nascer é muito mais do que isso. Não te rias. É mágico, a sério. Se for depois de uma noite de festa é sentires o cansaço em proporção à felicidade, é ansiares pelo conforto da tua cama, sabendo que te divertiste. Se for a manhã de horas e horas à conversa é acomodares a rouquidão na conversa e o sorriso nos lábios...

- Sim, sim. Isso é tudo muito giro, mas e se for depois de uma noite de discussão ou depois de uma má notícia?

- Se te sentires sozinho, desorientado... se for naquelas alturas em que nada parece fazer sentido e tudo te magoa... aí, o nascer do Sol é a prova de que é possível começar de novo!

24 de junho de 2009

Esconde os olhos, inclina o pescoço. Mexe, nervosa, no cabelo e pensa que há assuntos que são como as árvores mais resistentes, se não forem cortados pela raiz nunca mais deixam de nos perseguir. Durante o dia, a mente fervilhou entre memórias e fantasias, não foi capaz de controlar o seu pensamento.
E, no regresso a casa, caminhou pela rua, pelo parque, tem a sensação de ter andado pela cidade inteira. Não viu nada, não viu ninguém, deixou que os seus passos a guiassem para um lugar estranho. Um lugar que ela é obrigada a conhecer a cada fim de tarde, quando o dia atira os seus restos para o caminho e força a noite a dar os primeiros passos.
Agora na quietude da sua sala sente-se afastada do mundo, não, afastada não: escondida. Tem a aparelhagem no volume máximo, a música quase lhe fere os ouvidos, mas aguenta. Porque, assim, consegue manter todos os pensamentos afastados da mente.

4 de junho de 2009

Escrever-te

As letras misturam-se e as frases que construo levam-me a ti. Finjo que é falta de inspiração e rasgo as folhas que escrevi, mas a cada recomeço encontro o teu sorriso e não sei como apagá-lo da mente. Apetece-me esquecer tudo, limpar as horas e voltar à página em branco para que, de uma forma menos inocente, eu consiga contornar tudo o que me fez chorar.
E a verdade é que as linhas que traçamos no chão nem sempre se mantêm firmes, rectas e intransponíveis. Os dias forçam-nos a escolher as palavras, a olhar o chão que tencionamos pisar antes de o fazer, a provar antes de comer. E é tudo tão simples que chega a tornar-se complexo: uma borboleta não é só uma borboleta, mas é a forma como olhamos que a transforma em muito mais do que isso. Tudo à nossa volta se ajusta ao nosso olhar e, quase sem saber, fazemos da vontade de viver uma desculpa para vergar o quotidiano aos passos que damos.
Mas, para já, quero que as palavras me obedeçam. Preciso que as minhas palavras deixem de ser tuas e voltem a submeter-se a mim. Quero que o escrever, sobretudo o escrever-me, não seja escrever-te.

25 de maio de 2009

À deriva

Sentimos tantas vezes que perdemos o pé, que estamos a nadar contra a corrente, à deriva. E à medida que nos esforçamos por manter o calor no corpo, esquecemo-nos de procurar o pulso. Tudo gira à nossa volta e, na necessidade de acompanhar o movimento, perdemos o ritmo que nos acelera o coração.
E de repente o esforço que fazemos para tentar respirar deixa-nos exaustos, de repente tudo o que nos parecia certo deixa de o ser e sobramos nós... verdadeiramente sós.

8 de maio de 2009


Os beijos roubados têm muito mais sabor...

...há quanto tempo não me roubas um beijo?

6 de maio de 2009

Inquietude

Irrequieta, muda de posição a cada segundo que passa. As mãos vazias, tão cheias de nada. Olha em frente e sente o tempo escorrer-lhe nos dedos como se os dias se atropelassem nas horas. Tudo fervilha, as luzes são intensas e brilhantes e o movimento perpétuo. A respiração entrecortada de quem não consegue controlar as batidas do coração, nervos, ansiedade, tudo o que se esconde nas reacções físicas. Sente a transpiração nas palmas das mãos e apressa-se a limpá-la nas calças de ganga, cruza as pernas e volta a bater o pé ritmadamente. Não sabe ao certo o que a incomoda, mas sabe que não pode ficar assim durante mais tempo.

Pára. Respira fundo e tenta acalmar-se por entre o desespero de não perceber a razão de tanta agitação e os olhares agitados que a atacam. Nunca foi assim, as pessoas não a assustavam. O que mudou?

27 de abril de 2009

24 de abril de 2009

Momentos

Há momentos mágicos. Pequenos instantes que nos aceleram o coração e nos plantam um sorriso insistente nos lábios...
Fazemos tudo para os guardar, gravar na mente aquela gargalhada e aquelas palavras que nos fizeram felizes. Uma fotografia, um olhar, um toque ou um bilhete despreocupado. Tudo o que nos faz sonhar. Efémeros e esquivos, são esses momentos que constroem, aos poucos, cada um de nós.

13 de abril de 2009

Novelo

O fio fugiu-lhe da mão, entre os dedos ficaram as fibras soltas de um novelo colorido. Em cada cor, um sonho, em cada centímetro, uma esperança inocente. Os dias foram passando e nas mãos havia a segurança de um caminho planeado, na mente as expectativas ingénuas de quem desconhece a natureza do que vê e, nos olhos, a vontade de seguir em frente. Não percebe porque tem os dedos frios, as mãos abertas e vazias, o corpo cansado e os olhos cheios de água. Não percebe o que aconteceu porque não o tinha planeado, não entende como é que o fio se escapou por entre os dedos. Não aceita que o fio fugiu porque o novelo chegou ao fim...

12 de março de 2009

Desassossego

Subitamente paras. Sustens a respiração e tentas ouvir o silêncio, nada. Já não sabes o que te trouxe até aqui, mas sentes um enorme alívio na calma que te rodeia.
E ainda assim, não sabes como rotular o facto de teres o coração em alvoroço. Tens latente na pele um constante mutismo de palavras hostis, que te ecoam na mente e roubam a quietude que se abateu sobre ti.
Sentes que estiveste a correr durante demasiado tempo e agora paras e não tens posição, simplesmente não te lembras como é ter a respiração singela de quem não se esforça por continuar em movimento. É como ter as pontas dos pés suspensas num abismo, um desconforto seguro, uma inércia espartilhada pela integridade que te obrigas a preservar... uma insegurança que te faz questionar o momento seguinte.

20 de fevereiro de 2009

Um dia

Há um dia em que te apercebes que precisas de ir mais longe, saber que chegas lá.
Mas o mundo nega-te a viagem e tu continuas a lutar contra os obstáculos que vêm na tua direcção, não te mexes. Esperas. Respiras Fundo. Escondes as lágrimas na garganta e negas a inércia que te move.
A leve sucessão dos dias impressiona-te e esmaga-te contra uma realidade que não queres aceitar, mas há um dia em que tentas. Esqueces as frustrações e recusas tudo o que em tempos te desiludiu, tentas e acreditas que vais conseguir. Esticas a mão e ficas surpreendido com o alcance do teu braço.

22 de janeiro de 2009

Longe

Hoje esperei por uma palavra tua. Sentei-me na calçada e chorei no teu silêncio. As minhas palavras pareciam incompletas antes das tuas e tu deixaste-me a metade. Sorriste ao longe, esperaste um sorriso meu. Falaste até, uma daquelas frases serenas e inocentes que nunca têm significado. Hoje o teu toque estava frio e o meu corpo gelou. O som da tua voz arrepiou-me a pele e o teu perfume não me soube encontrar. Estavas tão longe.