Os meses correm, esquecidos nos dias iguais, como as águas límpidas das cascatas. E aquela espera serena prende-nos a qualquer momento que não devia ter acabado. Esperamos sempre…por alguém, por alguma coisa…e nessa espera somos capazes de perceber que na verdade esperamos por nós, desde que nos perdemos nas memórias até que alguma coisa nos traga de volta aos minutos que apertamos nos dedos. E nas manhãs em que o dia adia tímido o seu início afastamos o sono do corpo na esperança de haver sorrisos à nossa espera. Esperamos sempre…nem que seja para ver o dia nascer.
27 de dezembro de 2007
A manhã
3 de dezembro de 2007
Saudade
Um caminho que se faz lado a lado, ombro a ombro, sem esperar pelas oportunidades, a agarrar cada brisa e a respirar cada palavra como se fossem nossas. Porque agora que a noite acaba a beijar o dia, os olhos mostram o vazio que fica quando a alma se prende a um lugar. Depois dos dias acesos de alegria ficam as horas arrastadas e frias, o tempo fugiu e agora demora-se na saudade de outras músicas. E encostados à sua própria força de viver, assustados pelo frio que um coração oco promete, rezam em surdina não deixar morrer o sentimento que os une. Cantam baixinho para acalmar o corpo dormente e procuram um canto escuro na sua mente para esconderem as feridas de ver partir os anos.
Sem saberem têm a certeza de ouvir partir sentimentos, de ouvir estalar gargalhadas suspensas num plano longínquo e sentem pena. Mais que pena, dor. O levantar voo do rouxinol pequeno e amedrontado que leva todas as lamúrias de quem esquece o que vive. Porque podemos fugir das lembranças que nos fazem chorar. Mas o coração, esse, guarda a saudade.
19 de novembro de 2007
Respirar a noite
As mãos geladas levam o medo, as pernas trémulas a angústia de não saber...E o vazio espraia-se na pele de quem caminha sem vontade, como o ar pesado nas noites em que nos deitamos com o nó na garganta de quem não disse tudo o que tinha a dizer.
A certeza de que o amanhã será só mais um pôr-do-sol, só mais um arco-íris passageiro, uma corda de água que deixa a vida cinzenta. Porque às vezes é assim, temos que dar a pele à chuva e sentir o frio lavar-nos de tudo o que nos faz chorar. E ficar de olhar fixo num ponto longínquo, esperar pelas palavras que nem sempre vêm. Permanecer naquele esquecimento precoce e sonhar com tudo o que desejamos em segredo.
Às vezes é preciso inspirar profundamente, aprender a querer um novo dia. É preciso saber respirar a noite para podermos acordar no dia seguinte e sermos capazes de sorrir.
7 de novembro de 2007
Deixa a mente divagar, sente-se sorrir com certas lembranças e entristece-se com outras. A confusão não é total e sem se aperceber vai desfazendo os nós do seu pensamento com a paciência de quem doba um novelo de lã.
Hoje é um daqueles dias em que o peso ao fundo das costas é só o prenúncio de uma noite mal dormida. Hoje, ela sente aquela estranheza subtil situada entre o cansaço e o sonho. Sabe que vai acabar por passar...na verdade há poucas coisas que não são efémeras.
E enquanto segue o balanço do seu corpo, sente o ritmo do seu coração em competição com a sua mente. Estica as pernas e força as pontas do pés a tocar o chão. Lentamente e, ao desenhar dois sulcos paralelos no chão, sente-se parar. Fecha os olhos e deixa cair a cabeça para trás, o cabelo desliza-lhe dos ombros para as costas. Permanece assim até sentir coragem para voltar a abrir os olhos.
Esvazia a mente e recomeça o seu balanço suave e, com uma respiração mais profunda, diz com voz serena ao sol que a acalenta:
- Às vezes é preciso parar para recomeçar.
30 de outubro de 2007
Lembra-te de conservar a certeza de que alguém sabe de ti o que tens medo de mostrar, não gastes a energia que te resta a torturar as pestanas de cada vez que as barreiras que foste construindo para protecção desmoronarem.
Não deixes que o frio se instale nos ossos enquanto procuras uma posição confortável, não olhes para o vazio como se fosses tu.
E quando não souberes o que fazer, aperta a minha mão e fecha os olhos. Serei a tua força quando a fraqueza te atacar. Mesmo nas noites escuras e sós, quando sentires que nada mais vale a pena pensa que existe alguém com a mesma saudade.
Porque no fundo todos nós queremos sentir que alguém virá para nos dar a mão...esperamos sempre por alguém que nos possa abraçar e beber das nossas lágrimas para que sequem. Mas há esperas vãs e aprendemos a lamber as feridas e a continuar a sorrir.
14 de outubro de 2007
O quarto está escuro, atravessado por um ténue raio de luar. Há um corpo cansado estendido na cama desfeita. O coração bate-lhe no peito como um comboio, escurecido pelo pó, que se arrasta numa marcha lenta e compassada. Os pulmões funcionam em pleno mas esforçam-se por oxigenar os pés gelados e brancos. E esse alguém estendido no colchão sabe que o mal-estar físico é consequência da dor psicológica que lhe destrói implacavelmente os pensamentos. Esse alguém alimentou-se das palavras que ouviu, que se entranharam na pele e foram enfraquecendo a alma de quem as acolheu como o bicho da madeira destrói os móveis, por dentro.
20 de setembro de 2007
Cais da Ternura
3 de setembro de 2007
Simples
7 de agosto de 2007
As palavras são como os frutos nas árvores.
Por enquanto vou mordiscando as minhas palavras como quem trinca um fruto verde num acto de rebeldia. Ainda não tenho a paciência necessária para esperar que a fruta no pomar da minha imaginação fique doce e toda a gente a possa saborear.
Sou impaciente, mas é esse sabor agridoce do impulso que me faz ter forças para sorrir despreocupada. É o sentir o sumo fresco nos meus lábios que mata a sede de viver. Sei que um dia vou deixar de gostar da fruta rija e ainda verde, sei que vou passar a fazer o que for preciso para colher os frutos apenas quando estiverem maduros. Mas não me aflige porque quando isto acontecer vou lembrar-me do travo agreste da fruta verde e só isso vai permitir que volte a procurar a força que me faz agora puxar os frutos da árvore antes do tempo, só isso vai permitir-me seguir caminho sem perder quem sou.
16 de julho de 2007
As Cores
As cores são todas especiais e são ricas, plenas de vitalidade para quem as olha com atenção. A água absorve as cores que a tocam, a ausência de luz fá-las adormecer e por momentos ficarem afastadas do nosso olhar...mas nunca longe do nosso imaginário. Eu gosto tanto das cores...de todas elas, não tenho uma cor favorita. De uma maneira ou de outra todas me fazem sorrir.
2 de julho de 2007
10 de junho de 2007
Coração vs Mente
Não tem expressão. Os fragmentos de si estão espalhados nos dias, nas horas que passa sozinho numa introspecção lancinante que lhe esfaqueia o coração pela inércia das palavras. Não diz o que verdadeiramente sente…mas a maioria das pessoas não o faz.
Encosta-se ao banco e não se sente confortável, tem a sensação de que mesmo se estivesse estendido na cama não seria capaz de descansar. O seu corpo é-lhe estranho e a sua alma não lhe responde. E ele vai passeando pelos dias até que o seu coração vença a luta que decidiu travar com a sua mente.
....Acho que é desta que volto aos posts com textos... =) fase pós-Segredos Aos Pedaços em livro!
4 de junho de 2007
24 de maio de 2007
Apresentação do Livro em Trancoso
Apresentação do Livro "Segredos aos Pedaços" de Tatiana Albino
02 de Junho - 15h30 - Hotel de Turismo de Trancoso
Para mais conhecimento, clika aqui.
9 de maio de 2007
Segredos aos Pedaços já à venda!
Bem mas agora posso dar-vos mais alguma informação!!!
Poderão encontrar o livro em qualquer uma destas livrarias:
Se tiverem algum problema avisem para eu poder contactar a editora e ela falar com a respectiva livraria....
E vá lá eu sei que as semanas académicas dão um valente desfalque nas contas da juventude...ms pode ser que sobrem uns 7, 50 euros para o gosto da leitura =P
30 de abril de 2007
Lágrimas...
Encostas a tua cabeça no meu ombro e a água quente escorre pelo teu narizinho de princesa até pingar nas minhas calças, levantas-te e rapidamente pedes desculpa.
- Não peças desculpa, tomara eu ficar com as calças ensopadas de cada vez que precisas chorar!
Causei em ti um sorriso leve. Já tinhas os olhos vermelhos de tanto sal fazeres brotar de lá. Tremias. Partia-me o coração ver-te a soluçar, sentia a dor em cada uma das tuas lágrimas e a revolta no olhar. Os teus lábios inchados e quentes que mordias nervosamente e os teus dedos que seguravam instintivamente um lenço de papel húmido e salgado. Custava-me tanto ver-te assim.
Suspiras cansada e aconchego-te um pouco mais nos meus braços. Sim, eu sei que precisas de um abraço. Seguras-te ao meu pescoço e sem caíres do sofá consegues aninhar-te no meu colo. Acaricio o teu cabelo e os teus soluços de choro vão acalmando até que adormeces. Exausta de tanto sofrimento.
19 de abril de 2007
Thinking Blogger Award
É verdade, o meu blog recebeu o Thinking Blogger Award do blog Avesso dos ponteiros e resta-me agradecer! ^.^
E é a minha vez de premiar 5 blogs que me fazem pensar...
Enjoy Neverland
A Nona Onda
Tudo & Nada
Como se Leva uma Estrela para o Céu?
Letras Soltas
A todos os outros que não constam na lista quero que saibam que só não estão na lista porque ela era demasiado curta...todos os blogs que visito e que leio pelo menos um post inteiro fazem-me pensar de alguma forma. =)
Agora os escolhidos têm que colocar a imagem na barra no lado direito do blog e fazerem uma lista também! (:
6 de abril de 2007
Uma noite académica...
Tu és o sol que há p’ra mim, tu és o amor que eu conheci…
Rostos cansados mas felizes, vozes gastas mas afinadas… as mãos unidas. Há magia no ar!
Rosa vermelha do meu jardim, que vale viver a vida sem ti…
Horas passadas com a certeza de que o tempo não volta atrás e que as memórias são o porto de abrigo da felicidade.
E não esqueças nem um segundo, eu tenho o amor maior do mundo. Coisas tão lindas para te dar, sempre a cantar!
O tempo passa, o sol já brilha alto no céu e relembra-nos de que tudo chega ao fim.
Deixa-me os teus olhos agora que partes, o calor da tua mão. Deixa-me ser só uma saudade no teu coração…
Momentos mágicos que carregamos nos pés cansados até casa.
E quando olhares as águas do rio, lembra-te de mim, és a andorinha de uma primavera que chegou ao fim…
Fica a certeza de que momentos assim não se repetem…e não se esquecem.
2 de abril de 2007
Apresentação do livro
19 de março de 2007
Lançamento do Livro
11 de março de 2007
A capacidade de sonhar é infinita, bem o sei. Mas e quando a mente está cansada de montar e desmontar acasos para nós e o coração se estreita mais um pouco de cada vez que a alma é fraca demais para realizar os sonhos? Mesmo quando não sei quem sou sinto quebrar-se qualquer coisa cá dentro quando a vida me faz tropeçar e cair, mesmo quando não sou eu que sonho sinto a alma cobrir-se de negro à certeza da impossibilidade dos acasos. E quando há dor na incapacidade de me reconhecer a vida sussurra-me ao ouvido que me perdi. Eu respondo calmamente que não posso estar perdida porque nunca senti o contrário.
Sei porque é que não me reconheço. De cada vez que aquilo que construo cai ao chão e se estilhaça em mil pedaços perco um pouco de mim, desaparece um pedacinho de quem sou. Quando passo horas a tentar reconstruir tudo outra vez, quando fico com os dedos dormentes e gelados por estar a colar todas as peças e no fim elas voltam a desmoronar-se aos meus pés. Quando sinto que já não há nada a fazer. Sei que não me reconheço porque há um bocadinho de mim que fica esquecido no meio das peças quebradas.
2 de março de 2007
3 de fevereiro de 2007
Fim do dia
O fim do dia pesa como uma manhã de segunda-feira, a vida passa num queixume ligeiro como um choro de uma criança mimada. Os gestos não acompanham a mente, o corpo estende-se numa levitação morna, inconsciente.
E há aquela sensação estranha na ponta dos dedos...aquela que faz tremer os lábios e pulsar o sangue nas veias numa inquietação tranquila, um sentimento que não se explica, que nem sequer tem nome. Porque há tantos dias assim, em que precisamos de nos sentir deitados numa nuvem para podermos descansar.Dias em que até o movimento dos pulmões nos dói de tão esquartejado termos o coração.
9 de janeiro de 2007
Sabes, quando era mais novo corria pelo campo sem me preocupar com os arranhões que surgiam inesperadamente nas minhas pernas ao final do dia...Agora também não vou desistir das amoras só porque as silvas me ferem a pele com gosto. Isso seria como esquecer a beleza de uma rosa só por que ela tem espinhos.
Mas estou cansado de curar os ferimentos ao fim de cada dia e voltar ao mesmo no dia seguinte. Se ao menos eu não gostasse tanto de amoras...